Dr.ª Adriana San Juan – Advogada e Colunista

A constelação visa organizar as ordens, adequando as pessoas em seus lugares e trazendo para perto os familiares afastados por determinados motivos pessoais ou conflitos familiares. Um juiz brasileiro foi o pioneiro da aplicação da técnica da constelação no Judiciário Brasileiro e conheceu as Constelações quando procurava resposta para um problema pessoal, ele fez cursos de formação no Brasil e no exterior e, em 2012, começou aplicar a técnica da constelação em sua comarca de origem. O termo constelação nada tem a ver com estrelas, ou astrologia, significando apenas, uma representação nas quais os elementos em grupo são posicionados numa determinada configuração de relações.

O que há de extraordinário nas Constelações Familiares é o próprio método, pois é singular observar, um indivíduo colocar em cena pessoas estranhas para representar seus familiares em suas relações recíprocas e como essas pessoas, sem prévias informações, vivenciam sentimentos e usam palavras semelhantes às deles e, eventualmente, até mesmo reproduzem os seus sintomas. Quando os representantes são instados a expressar em movimentos o que sentem, eles frequentemente exprimem uma dinâmica da alma que revela destinos ocultos, que o próprio sujeito da relação conflituosa desconhecia. Dá-se também o nome de Direito Sistêmico, que é uma expressão que surgiu da análise do Direito, sob uma ótica baseada nas ordens superiores que regem as relações humanas.

Constelação Familiar no Judiciário se dá da seguinte forma: Primeiramente reúnem-se as pessoas com problemas semelhantes em disputa na Justiça, principalmente envolvidas com divórcio, violência doméstica, partilha de bens, pensão e guarda de filhos.

O juiz que dirige a constelação faz uma breve leitura do caso, sem identificar as partes e convoca voluntários para representar a lide, não existe roteiro, as pessoas vão respondendo às perguntas do juiz e simulando os envolvidos, enquanto isso, as partes que de fato são as evolvidas naquele caso, ficam na plateia assistindo à representação dos desconhecidos. Isso permite aos litigantes ampliar sua perspectiva e possibilitam que eles enxerguem o ponto de vista e a posição do outro naquela contenda, assim as partes podem olhar ativamente para a solução.

Porém, essa técnica enfrenta um momento de incerteza em relação à sua permanência nos tribunais. Essa técnica, tem o objetivo de resolver conflitos familiares de forma conciliatória, pode ser banida do cenário jurídico brasileiro.

Os argumentos contra a permanência da Constelação Familiar no Judiciário, são, a falta de embasamento científico, onde para muitos céticos, a Constelação Familiar carece de estudos científicos que comprovem a sua eficácia de forma consistente.

Questionamento da Ética Profissional, há debates sobre a ética da prática, principalmente quando conduzida por profissionais que não são formados em psicologia ou áreas afins, alguns setores do judiciário ainda não reconhecem a Constelação Familiar como um método de mediação legítimo e eficaz.

Existem diferentes abordagens e interpretações da técnica, o que pode gerar conflitos e discordâncias entre consteladores e outras partes envolvidas no processo judicial, a decisão sobre a permanência ou banimento da Constelação Familiar no judiciário brasileiro continua em aberto e já se torna tema de debates e discussões. Enquanto isso, a prática continua a ser utilizada por alguns tribunais como uma alternativa na resolução de conflitos familiares.