Esmeraldas, um município marcado pela diversidade cultural, abriga uma riqueza única, a comunidade indígena. Aqui, entre as dinâmicas urbanas, reside um grupo vibrante que carrega consigo séculos de história, tradições e saberes ancestrais. A presença dessas comunidades indígenas, compostas por diversas etnias, não apenas enriquece o tecido social de Esmeraldas, mas também oferece uma perspectiva valiosa sobre a importância da preservação cultural e da valorização da identidade. Neste contexto, entender e apreciar a cultura indígena em Esmeraldas é essencial não apenas para honrar o passado, mas também para construir um futuro mais inclusivo e respeitoso com as diferentes formas de ser e viver.

Entrevistamos a Cacica Marinalva Dyakederé. Acompanhe esta entrevista para obter uma visão única sobre a cultura indígena em Esmeraldas e seu impacto na sociedade local.

JDE – Quais são os principais desafios enfrentados pela comunidade indígena de Esmeraldas hoje em dia, e como vocês têm trabalhado para superá-los enquanto preservam sua cultura e identidade?

Cacica Marinalva – Somos uma comunidade indígena composta por várias etnias, todas reunidas na região metropolitana de Belo Horizonte. Em nossa jornada, buscamos território e acesso às políticas públicas, almejando a dignidade negada a nós como indígenas urbanos. Enfrentamos preconceito, discriminação, racismo e rejeição, vindos de indivíduos desumanos e desrespeitosos. Superar esses obstáculos é uma luta árdua, marcada pelo resgate da língua e cultura. Nos é imposto o impedimento de usar vestimentas tradicionais para evitar conflitos e intolerância. No entanto, resistimos mantendo vivos nossos contos, adereços, culturas e tradições, além de preservar nossos rituais sagrados e respeito pela natureza e nossa mãe terra.

JDE – Qual é o papel das lideranças femininas na sociedade indígena de Esmeraldas, e como isso contribui para a preservação da cultura e tradições?

Cacica Marinalva – O papel das lideranças femininas é essencial. Elas atuam na mediação de conflitos entre nossa comunidade e os não indígenas, promovendo sustentabilidade, agricultura familiar e artesanato como fonte de renda. Além disso, mantêm a ordem interna, organizando e articulando ações.

JDE – Pode compartilhar conosco um relato significativo da história da cultura indígena em Esmeraldas, transmitido de geração em geração? Quais são os valores fundamentais que permeiam a vida cotidiana da comunidade indígena em Esmeraldas e como eles se manifestam nas práticas e tradições do dia a dia?

Cacica Marinalva – Transmitimos nossa história, cultura e tradição de geração em geração, valorizando a diversidade de etnias em um objetivo comum. Nossos valores fundamentais, como convivência harmoniosa e troca de saberes, moldam nosso dia a dia. Almejamos a homologação do território para vivermos em paz, garantindo nossa vida digna e a preservação de nossas tradições ancestrais.