Claudia Zanol – Professora

Ficam cheias as lojas!
As praças, as mesas!
Os amigos que não se viam por quase um ano, estão presentes e cada ano uma cadeira fica vazia, no canto do lado direito, Sr. Antônio, Antoninho, como todos chamavam já não ocupa o seu lugar, o copo vazio, o prato vazio e um silêncio profundo toma conta do lugar, uma mistura de risos, chegadas, partidas, o presente fora comprado mês passado, está debaixo da árvore que fica na sala, dentro o que mais gostava uma gravata azul, cor escolhida por ele quando dona Margarida brincando falou do seu time, e logo ele advertiu é azul, é do azul que eu gosto.

Sentada mais a esquerda, Dona Margarida observa seu neto, que com seu carrinho azul, fazia malabarismos e rodopios no ar, o frango assado foi servido e chegou à sobremesa e Candinha a filha mais nova, lembrou que era o momento que pai falava e fazia as suas orações, não teve nesse momento nenhum aplauso, e o silêncio tomou conta da sala, do quarto, da cozinha, da dona Margarida e o Natal se calou.

Lá fora, as lojas continuam lotadas de transeuntes, um vai e vem descomunal, como formigas em volta do formigueiro, as promoções são anunciadas a todo instante, uma correria desenfreada, sombrinhas abertas, chuvas esporádicas, um empurra, empurra para ver quem ocupará o espaço até o meio fio, uma competição de sombrinhas, crianças, senhoras, senhores, lojas, camelôs, suores e muita raça, há quem diga, que no natal, vence quem tem raça e coragem, a luta entre quem corre melhor atrás das promoções e de quem sabe encontrá-las.

Em meio a tanta loucura, me desculpe à audácia, mas uma “loucura de Natal.” 
Crianças estão deitadas nos cantos das calçadas enfeitando as praças com suas roupas rasgadas, sujas e amarrotadas.
O Natal nos faz lembrar que a bondade e a compaixão são valores universais e o que deveríamos lembrar é o verdadeiro sentido do Natal, fazer o bem sem esperar nada em troca.

Não somente nessa data que nos remete ao bem comum, mas em todos os dias, pois temos 365 dias para repensar nossa verdadeira razão de existência e que o amor é o maior presente que podemos dar, assim poderemos ter uma nova chance de um novo começo. Um novo começo para a família do Sr. Antoninho e para tantas famílias que de idas e vindas se perderam no meio do caminho.

Feliz Natal e um novo recomeçar para todos!