A Serra do Curral, patrimônio histórico-cultural, paisagístico e ambiental de Minas Gerais, se estende entre os municípios de Belo Horizonte, Raposos, Sabará, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho. Em 1997, a Serra do Curral foi eleita como símbolo de Belo Horizonte com tombamentos municipal e federal. Ela pertence à Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida como área “prioritária para conservação das riquezas naturais e culturais existentes no planeta”.

Na Serra do Curral nascem vários córregos e estão áreas de conservação ambiental, como o Parque das Mangabeiras, o Parque da Serra do Curral, o Parque Estadual da Baleia, o Fort Lauterdale, em Belo Horizonte, e a Mata do Jambreiro, em Nova Lima. A Serra do Curral é um ambiente “produtor” de água para as bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, os dois cursos d’água responsáveis por quase todo o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Porém, também na Serra encontra-se um triste cenário de devastação, resultado de décadas de exploração mineral e expansão urbana desenfreadas. Em 1960, a exploração do minério de ferro ganhou grandes proporções no território, com a Ferro Belo Horizonte S/A que se instalou na área hoje ocupada pelo Parque das Mangabeiras.

Do outro lado da Serra, no município de Nova Lima, há uma destruição enorme causada pela exploração da Mina de Águas Claras que deixou no local um buraco de 200 metros de profundidade e uma devastação de cerca de 2.200 hectares (2.200 campos de futebol).

A expansão de bairros como Anchieta, Cruzeiro, Serra e a abertura dos bairros Mangabeiras e Comiteco, paralelamente ao prolongamento da Avenida Afonso Pena, selaram a ocupação das áreas mais baixas da Serra do Curral em Belo Horizonte. Foi também nessa época que o Aglomerado da Serra se adensou, com o deslocamento populacional para as áreas mais altas da Serra, o que promoveu danos consideráveis ao meio ambiente, assim como na região ocupada pelos casarões do Mangabeiras.

Atualmente, a Serra do Curral convive com ao menos três projetos de mineração, dois deles, apontados pelo Ministério Público de Minas Gerais, como ilegaisEmpresa de Mineração Pau Branco (Empabra) e Fleurs Global MineraçãoOs impactos desses empreendimentos vão desde a destruição de matas, nascentes, habitats de espécies endêmicas e paisagem, até a danos diretos às comunidades vizinhas. 

O projeto do Complexo Minerário Serra do Taquaril, ainda em fase de licenciamento ambiental, é outra ameaça. Se aprovado, ele poderá retirar um volume superior a 1 bilhão de toneladas de minério de ferro numa região cercada por nascentes e locais de recarga de água.

Esse empreendimento poderá trazer consequências irreversíveis para a qualidade de vida de milhões de pessoas.  Ao norte do Complexo Minerário, está o bairro Taquaril, em Belo Horizonte, que será impactado diretamente com a poeira e o barulho da atividade, nos quais estão previstas explosões que podem causar danos às casas.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela empresa afirma que a instalação do empreendimento gerará impactos negativos de alta significância sobre a fauna e flora, por meio de diminuição do número de indivíduos, uma vez que a devastação da área fragmentará os habitats naturais nas unidades de conservação, como a RPPN Mata do Jambreiro e o Parque da Baleia.

O Complexo Taquaril se localizará, se aprovado, na Bacia do Alto Rio das Velhas, da qual depende a captação de Bela Fama (COPASA), em Nova Lima, responsável pelo abastecimento de cerca de 70% da população da capital e de 40% da RMBH. O EIA afirma que o empreendimento cruzará duas vezes com a adutora da COPASA e há preocupação que as explosões na cava possam abalar as estruturas desse túnel, que é parcialmente aberto.

Além disso, ele poderá receber detritos químicos da atividade, prejudicando a qualidade da água. Segundo o EIA de 2020, as atividades de remoção da vegetação devem aumentar as erosões e podem interferir na recarga do aquífero Cauê, formação geológica que é o principal reservatório de água subterrânea de todo o Quadrilátero Ferrífero, podendo gerar riscos de desabastecimento de água para os municípios atendidos pelo rio das Velhas.

Diante desta realidade nós, abaixo-assinados, solicitamos às prefeituras locais e aos governos estadual e federal a suspensão imediata de quaisquer empreendimentos que causem significativo impacto ambiental à Serra do Curral, além de ações efetivas de recuperação ambiental das áreas degradadas desse importante patrimônio histórico-cultural, paisagístico e ambiental da sociedade mineira e brasileira.

Link para você também votar na Preservação da Serra do Curral 

#mexeucomSerradocurralmexeucomigo

Fonte: Movimento Serra do Curral

Justiça dá 10 dias para governo de Minas e Tamisa se manifestarem sobre mineração na Serra do Curral

A 22ª Vara Federal de Belo Horizonte deu prazo de 10 dias para que o governo de Minas Gerais e a mineradora Taquaril Mineração S.A (Tamisa) expliquem a exploração na Serra do Curral. A informação foi divulgada pela prefeitura da capital, autora da ação, nesta quarta-feira (4), e confirmada pela Justiça.
A Tamisa recebeu parecer favorável da Comissão Estadual de Política Ambiental (Copam) para obter licenças e se instalar na área. A decisão causou indignação por parte da sociedade civil e de ambientalistas.

A prefeitura pede na ação impetrada na Justiça Federal a suspensão do licenciamento ambiental concedido ao complexo minerário. Nas 31 páginas da ação, distribuída à 22ª Vara Federal de Belo Horizonte, a Procuradoria-Geral do Município lista alguns impactos que a exploração minerária pode gerar para a capital mineira.

Conselho ambiental aprova exploração por mineradora em cartão postal da Grande BH

O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) aprovou, no último sábado, o licenciamento total para o Complexo Minerário Serra do Taquaril, na região da Serra do Curral, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O processo foi deferido após mais de 18h de reunião virtual.

Os conselheiros definiram pela continuidade do empreendimento, com oito votos favoráveis e quatro contrários. A definição saiu às 3h14Todos os representantes do poder executivo estadual foram unânimes pela aprovação do projeto.

Acompanhe como votaram os conselheiros:

A favor:
  • Secretaria de Estado de Governo (Segov)
  • Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede)
  • Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese)
  • Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig)
  • Agência Nacional de Mineração (ANM)
  • Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas (Sindiextra)
  • Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG)
  • Sociedade Mineira de Engenheiros (SME)

Contra:

  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
  • Fundação Relictos (Relictos)
  • Associação Promutuca (Promotuca)
  • Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ()

Fonte: G1

Vídeo do Colunista Jonathan Guedes