Janaína Fonseca – Jornalista e esteticista.
O uso de plantas e frutas de forma medicinal sempre fez parte da tradição dos brasileiros. Aquele chazinho de funcho recomendado pela avó para tratar a dor de barriga da criança; o chá de picão para hepatite; a erva cidreira para acalmar; chá de folha de amora para sintomas da menopausa, dentre várias outras indicações.
E essa “moda” ganhou força nos últimos anos com as pessoas em busca de produtos mais naturais para tratamentos de saúde e até estéticos. Sim, é incontestável o fato de que as plantas, flores, raízes e frutos têm um poder curativo, preventivo e de alívio de sintomas de algumas doenças.
No entanto, o uso não pode ocorrer de forma indiscriminada, pois nem tudo que é natural é saudável. Há plantas que apresentam toxicidade elevada, ou seja, podem fazer mal se ingeridas ou até pelo contato com a pele. Um simples chá, feito com a planta errada, ou ingerido em muita quantidade, pode oferecer riscos à saúde.
Há comprovação científica de que o uso exagerado de chás pode causar problemas no fígado, nos rins e até mesmo elevar a pressão arterial. Na área da estética temos observado uma crescente oferta de bebidas supostamente naturais e que ajudariam no emagrecimento. O chá de hibisco é constantemente apontado como uma boa opção para quem está querendo perder peso.
Há estudos científicos que apontam que a bebida ajuda nesse processo, mas não adianta se empanturrar de chá de hibisco e não cuidar da alimentação e praticar atividade física. Ele não vai fazer milagre. Por ter propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, o chá de hibisco vai apresentar vários benefícios para o organismo, mas, em excesso e sem a devida orientação médica, em excesso e sem a devida orientação médica, pode atacar o fígado, provocar abortos, pode afetar a qualidade do sono, provocar perda de minerais na urina e ainda interferir na eficácia de medicamentos como anti- hipertensivos e paracetamol.
Em seu site, o dr. Drauzio Varella alerta para os perigos que podem se esconder atrás de produtos ditos naturais e ajudam a emagrecer.
“Hepatite, dependência química, efeito sanfona, alterações gastrointestinais, cardíacas e renais são alguns dos problemas relacionados ao uso desses artifícios em excesso, sem orientação médica ou supervisão profissional”, diz o texto. Ainda no site do médico, ele cita o chá verde, que virou febre entre as pessoas que querem emagrecer, acelerar o metabolismo e levar uma “vida mais saudável”.
“O chá-verde, encontrado encapsulado com as folhas e o talo – produto amplamente utilizado para emagrecimento, de maneira indiscriminada –, pode causar lesão grave no fígado, sobretudo em mulheres. Isso acontece porque a catequina, princípio ativo do chá, pode ser encontrada com concentração de 500 a mil vezes maior nas cápsulas. O problema é que o fígado não tem capacidade de metabolizar toda essa quantidade de catequina, e o excesso da substância agride o órgão”, explica o médico. Para emagrecer, não existe segredo: é preciso fazer o conhecido “déficit calórico”, que consiste em gastar mais energia do que você ingere, por meio dos alimentos, diariamente. Ex: se você ingere 2.500 calorias todos os dias, somando todas as suas refeições, o seu gasto de energia tem que ser superior a isso para conseguir emagrecer.
Mas, se você é sedentário, vai ser preciso reduzir, e muito, a quantidade de alimentação. E falo isso porque sou uma pessoa que luta com a balança há anos: adoro comer doces, massas, tomar uma cervejinha bem gelada – quem não gosta, não é mesmo?
Para complicar minha vida sobre a balança, não gosto de fazer atividade física: morro de preguiça, não gosto de academia e é uma luta diária me obrigar a mexer o corpo. Mas sei, como esteticista e com a ajuda de uma nutricionista, que se eu não quero cortar todos os alimentos e guloseimas de que gosto, preciso malhar. E apesar de ser tentador se render a um chá que pode ajudar a queimar as gordurinhas, sei que ele, sozinho, não vai ter resultado.
Do mesmo jeito que as massagens redutora e modeladora que faço não vão fazer minhas clientes emagrecerem. Elas serão um importante auxílio no processo, mas aliadas à dieta e à atividade física. Não se renda a promessas de milagres! Não existe uma substância – seja ela natural ou industrial – que irá te fazer emagrecer. Alguns remédios podem até te dar um resultado imediato interessante, mas a situação não se sustenta e você volta para o efeito sanfona. E é ainda pior se você pensar que, para tentar emagrecer de maneira “mais fácil”, você usou um produto que criou um problema de saúde.
Ninguém merece! Portanto, siga o tripé da beleza e do bem-estar: boa nutrição, atividade física e cuidados estéticos. Com essa fórmula, não tem falha! Na próxima coluna vou falar sobre os riscos das receitinhas caseiras para cuidar da pele. Beijos e até lá!
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