Giselle Costa – Terapeuta Sistêmica
Em um lindo céu azul, vejo um imenso arco-íris. O arco-íris, que sempre foi um símbolo de aliança e fé, hoje ganha uma representatividade no mundo LGBTQIA+. E os tons de rosa, que antes eram associados apenas às meninas, agora são usados por todos, refletindo a diversidade e a inclusão. Uma cor não me define! Tão pouco sou definido por minha sexualidade. A partir dessa introdução, venho contar-lhes uma situação vivenciada na terapia sistêmica.
Elen (os nomes são fictícios para manter a identidade de cada pessoa), mãe de Kaic, de 20 anos, “descobriu que o filho é gay”. Ninguém descobre da noite para o dia que seu filho é gay; eles sempre dão sinais. Cabe a nós, os pais, ficarmos atentos para entender a fala deles sem dizer uma só palavra.
Ela conta: “Foi em uma manhã de domingo. Estávamos conversando sobre a vida e relacionamentos, e eu perguntei: ‘E as namoradas?’ Foi quando a resposta que eu já sabia, mas por ser produto do meio ainda cheia de reservas conservadoras, ouviu a resposta: ‘Mãe… eu não tenho namorada… eu gosto de meninos.”
Essa pode ser a realidade de várias mães. No caso de Elen, ela era mãe solo, diante de algo que para muitos era desafiador. Como posso jogar pedra no telhado do vizinho se o meu é de vidro? Você se lembra desse velho ditado de nossas mães?
Acolher com amor é o primeiro passo. Julgamentos e lições de moral não vão te auxiliar. De um lado, uma mãe que se preocupa com o filho em uma sociedade preconceituosa e homofóbica. Do outro lado, um jovem que inicia sua jornada dentro dessa sociedade. Você que é mãe ou pai e está passando por isso, não empurre seu filho para o abismo. Ao contrário, ajude-o a fazer escolhas que colaborem para seu crescimento interno e externo. Afinal, as escolhas são deles e a vida também.
Dados sobre LGBTs no Brasil
Segundo o IBGE, 2,9 milhões de pessoas se declaram gays, lésbicas ou bissexuais no Brasil, representando 1,8% da população. Entre os jovens de 18 a 29 anos, esse percentual é maior, chegando a 4,8%. A violência contra a comunidade LGBTQIA+ ainda é uma realidade no Brasil. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela equiparação da LGBTfobia como crime de racismo, além disso, diversas leis estaduais e municipais buscam proteger essa comunidade contra discriminação.
Para aqueles que utilizam a fé para julgar, lembrem-se: pecado mesmo é não salvar alguém que já está sendo crucificado? Ao lado de Jesus, havia dois ladrões, e um reconheceu que Jesus nada havia feito de mau. E ao que reconheceu, esse, sim, foi salvo.
Acolher com amor e compreensão é o caminho para ajudar nossos filhos a enfrentarem os desafios de uma sociedade ainda marcada pelo preconceito. Vamos juntos construir um mundo mais justo e inclusivo.
Deixar um comentário