Claudia Zanol – Professora

Crônica

Segundo o professor e crítico literário Antônio Cândido, em seu artigo “a vida ao rés do Chão” (1980).
“A Crônica não é um gênero maior.” Através da Crônica estabelecemos ou restabelecemos uma conexão com a realidade.
A dimensão das coisas e das pessoas nos aproxima de certa forma do leitor, propondo uma linguagem mais direta e despretensiosa.
A Crônica é amiga da verdade e da poesia nas suas formas mais diretas, como também nas suas formas mais fantásticas, sobretudo por que quase sempre utiliza o humor.
Por ser um gênero textual curto escrito em prosa, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas e outros.
Além de ser um texto curto, possui uma “vida curta”, ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros pertencentes ao nosso cotidiano. As crônicas estabelecem uma conexão com o contexto, o qual estamos inseridos. As crônicas apresentam algumas características peculiares.

– Narrativas curtas;
– Uso da linguagem simples e coloquial;
– Presença de poucos personagens, se houver;
– Espaço reduzido;
– Temas relacionados a acontecimentos do cotidiano.

A palavra crônica, do latim chronica, refere-se a registros de eventos marcados pelo tempo cronológico, podendo relatar acontecimentos históricos, com personagens, tempo e espaço definidos, a esse tipo damos o nome de crônica histórica. A Crônica jornalística é a mais comum, produzidas para os meios de comunicação, onde percebemos temas da atualidade, aproximando da crônica dissertativa.
A Crônica humorística, utilizada como forma de entretenimento, ao mesmo tempo que utiliza da ironia e do bom humor como ferramenta essencial para criticar alguns aspectos da sociedade também apontam alguns aspectos sociais e humanos.

Apresento um exemplo de crônica:

Um domingo qualquer!
Quando chegam de mansinho as tardes amarguradas de domingo e seus programas sonolentos, as noites cinzas e preguiçosas, tento anestesiar o dia para que a segunda-feira demore um pouco mais.
A mãe brinca no tapete da sala com Ana e Lucas. O pai com seu óculos de aro na ponta do nariz lê o jornal de ontem, páginas soltas, fora da ordem e de cabeça pra baixo revela o total desprezo. Notícias velhas da semana e eu assistindo a TV, em um quadrado compactado, estático, imóvel e frio.
Um pássaro pousa no beiral da janela e fico observando, o bater de suas asas e seu canto ritmado e longo, como em um suspiro o pássaro faz uma pausa e volta a cantar. Os meus olhos preguiçosos se fecham e o sono vem, como vem também o sonho e a certeza de que na segunda tudo será melhor, ou deveria ser melhor que um domingo qualquer. E se caso não seja, farei como o pássaro, darei uma pausa para o cafezinho.