O cantor e compositor pernambucano Otto lança seu livro de estreia intitulado Meu Livro Vermelho. A obra reúne textos, fotografias e reflexões do cantor, produzidos entre os anos de 2014 a 2019 e publicados no Instagram. Como uma espécie de diário compartilhado com o público, e uma escrita contemporânea, Otto aborda sentimentos cotidianos, ora contraditórios, ora complementares, para numa reunião de vestígios, apontar o êxtase de sua escrita, seus pedaços de linguagem livres.
Para a editora da Impressões do Minas, Elza Silveira, o que encontramos em Meu Livro Vermelho é o cantor e compositor Otto em incessante movimento, onde sua escrita se demonstra “aberta e caleidoscópica, revelando as inquietações e epifanias diante das asperezas e alegrias do cotidiano”, afirma.
Paulo Bispo, que foi professor de Otto numa escola no Recife, e que assina a revisão e o texto de quarta capa do livro, afirma que o cantor pernambucano “é poesia viva, de vida contundente, porque sua vida é a palavra musicada, são seus versos que o fazem viver em cada poesia que suas retinas musicais surpreendem”.
O livro também pode ser encarado como um oráculo, permitindo ao leitor abrir suas páginas de modo aleatório e tomar para si as palavras de Otto. É possível também, a partir de seu formato inspirado em diário, compreender vestígios de um tempo e de um país pelo o olhar e visão crítica do cantor e compositor.
Meu Livro Vermelho está em pré-venda no site da Impressões de Minas Editora.
Acesse www.impressoesdeminas.com.br
Nota da Editora
“Essas flores ofereço pra cada alma vazia e sem esperança, pra cada cidadão que se sente perdido nesse redemoinho em que o mundo está, pra todos que estão envergonhados diante de tanta covardia política. Essas flores ofereço pra quem não está enxergando os caminhos e na escuridão trafega sem esperança. Essas flores eu entrego a quem está querendo mudar, sair deste pesadelo.” (Meu livro vermelho p.68)
No prólogo de O livro dos seres imaginários, Jorge Luis Borges afirma que aquele não era um livro escrito para uma leitura ininterrupta, e atesta sua incompletude: “Um livro desta índole é necessariamente incompleto; cada nova edição é o núcleo de edições futuras, que podem se multiplicar ao infinito”. Como sugestão de leitura, ele deseja “que os curiosos o frequentassem como quem brinca com as formas variáveis que revela um caleidoscópio”. Assim também o leitor de Meu Livro Vermelho pode pegar este livro e abrir suas páginas ao acaso.
Publicados entre 2014 a 2019, os textos aqui apresentados, bem como as imagens, foram primeiramente escritos e divulgados na rede social Instagram, no perfil pessoal do autor. Em seguida, foram selecionados, preparados e editados para ganhar este novo suporte, o livro impresso. Redigidos para serem compartilhados instantaneamente com o leitor, esses textos expandem a ideia do diário comum ao se afastar e se aproximar dele, uma vez que essa escrita, aparentemente solitária, voltada para si, na verdade serve ao escape da solidão. Otto se coloca para todos em incessante movimento. Sua escrita é aberta e agora, é caleidoscópica. Em Meu livro vermelho, Otto revela suas inquietações e epifanias diante das asperezas e alegrias do cotidiano. O motor dessa escrita é o êxtase, e seu registro é fragmento, pedaços de linguagem soltos na cotidianidade. O autor apresenta suas reflexões, suas emoções, e fez da escrita na internet um espaço de experimentação poética para seus registros diarísticos.
Já que estamos falando de uma escrita de registros, deixamos aqui registrada, também, esta nota: a edição e a publicação de Meu Livro Vermelho foram atravessadas pela pandemia de Covid-19 e por tudo o que veio com ela e que por ela foi potencializado pela atual política de desgoverno deste país. A Covid-19 matou mais brasileiros nos primeiros meses de 2021, ano desta primeira edição, do que em todo 2020, ano em que o vírus se espalhou pelo mundo. Para além desse genocídio, toda a cadeia produtiva das artes e da cultura foi afetada, colocando em evidência o descaso e a desvalorização desse setor pelas políticas públicas (e pela falta delas) em curso.
Elza Silveira, 2021
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