A maçaneta da porta, a coleira do cão, a poltrona maltratada pelo gato, a imagem de São Bartolomeu. Uma taça de vinho, um poste numa grande cidade, a geladeira, o livro de poesia jamais lido, pneus e acelerador, espelho, caixão, lâmpada, o broche da mulher de Machado de Assis. Estes são alguns dos narradores de Coisas, e a morte que existe nelas, que Leida Reis lançou pela Literíssima Editora, no dia 7 de dezembro, na Casa da Floresta, em Belo Horizonte.
A inspiração do nome veio de um verso do poema “Coisas”, do juiz-forano Murilo Mendes. A autora narra fatos insanos ou cotidianos sob a ótica de objetos, testemunhas do quanto as escolhas de homens e mulheres definem seus caminhos e colheitas. Um dos mais intrigantes é o conto da lata de refrigerante que cumpre seu objetivo, vira brinquedo de criança, e acaba como instrumento de consumo de crack. A vida de um pequeno indígena do Acre é observada pela choupana, uma faca de açougue acompanha a transformação de um universitário, e há ainda um inusitado narrador abstrato e sua curta vida: o cheiro do bebê.
O posfácio da pedra é filosófico e sarcástico, encerrando o livro com o questionamento do valor material que damos às coisas. Alguém não quer ser nada além do que é em essência, uma pedra sem valor, na natureza, exibindo sua completa independência, sendo prisioneiro de um lugar. Coisas, e a morte que existe nelas é o 10º livro de Leida Reis, autora dos romances A invenção do crime (Record – 2010), Quando os bandidos ouvem Villa-Lobos (Manduruvá – 2012) e Mulheres Arco-íris (Literíssima – 2023) e dos livros de contos The cães amarelos (Independente – 1991) e O livro de cada um (Manduruvá – 2015). Lançou ainda três obras para crianças:
As árvores invisíveis, Super-heróis da bola (em coautoria com seu filho Gabriel Poesia) e Minha casa é o mundo, pela sua editora, antiga Páginas, hoje Literíssima. É autora ainda do livro de poemas A casa dos poetas minerais.
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