Marcos San Juan – Jornalista

Durante a pandemia de Covid-19, tanto os alunos como os professores enfrentaram mudanças drásticas em suas rotinas devido ao fechamento das escolas municipais e estaduais e à transição para o ensino remoto. Essas transformações repentinas, juntamente com a necessidade de isolamento social, resultaram em um aumento significativo na solidão, nos níveis de estresse e ansiedade entre a população.

Além disso, muitas famílias enfrentam dificuldades financeiras e muitos estudantes tiveram que se adaptar, pois nem todos tinham computadores em casa ou acesso à internet. Isso exigiu um plano de ação por parte das escolas para traçar estratégias a fim de evitar que esses alunos fossem prejudicados e ficassem sem material de estudo.

A Escola Estadual Professor Raymundo Cândido disponibilizou material de estudo impresso para os alunos que não tinham acesso ao material online, amenizando os impactos no aprendizado causados pelo confinamento. No entanto, os efeitos da pandemia vão além das questões financeiras e causaram grandes impactos na saúde mental dos pais, alunos e professores, que não podem ser completamente quantificados.

Em um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) dão um indicativo. Realizada com seis mil alunos de pós-graduação de todo o País, a pesquisa constatou que:

45% dos entrevistados foram diagnosticados com ansiedade generalizada;
17% apresentaram depressão durante o primeiro ano da pandemia;
Mais de 60% tiveram crises de ansiedade e dificuldade para dormir;
80% relataram falta de motivação e problemas de concentração.

Os jovens são a parcela da população mais afetada pela crise de saúde, segundo relatório anual do Estado Mental do Mundo, divulgado em março pela organização de pesquisa sem fins lucrativos Sapien Labs.

O levantamento registrou as percepções de 407.959 entrevistados em 64 países e fornece uma visão de como o bem-estar mental do mundo se saiu em 2022 em relação aos anos de pandemia.

No Brasil, o estudo mostrou que há 39% mais pessoas de 18 a 24 anos relatando queixas de saúde mental em comparação à faixa etária de 55 a 64 anos. Isso ocorre porque a pandemia trouxe mudanças significativas na forma como os jovens se relacionam e interagem socialmente, especialmente após a privação do ambiente escolar devido ao isolamento social.

Acolhimento e apoio no retorno às aulas

Mesmo com os dados da Covid-19 caindo e, consequentemente, com a retomada das aulas presenciais, as coisas ainda não estão como eram antes da pandemia. Desde então, ocorreram muitas mudanças significativas, afetando não apenas os alunos, mas também os professores, que tiveram que se reinventar para lidar com os novos desafios que continuam surgindo. Antes de prosseguir, é importante voltar um pouco no tempo para discutir o processo de retorno às aulas. Você se lembra?

A volta às salas de aula durante a pandemia foi um dos assuntos mais discutidos ao longo desse período e foi uma grande preocupação para pais, alunos, profissionais da área da educação e especialistas. As aulas presenciais foram substituídas pelas aulas online, inicialmente de forma emergencial, especialmente nos níveis de ensino em que isso não era comum. Alunos, professores e funcionários tiveram que seguir protocolos rigorosos para retomar as atividades com segurança. Entre as principais orientações estavam: distanciamento social, uso de máscaras ou protetores faciais, limpeza frequente das mãos e das superfícies, etiqueta respiratória e isolamento dos casos suspeitos/confirmados e de quem teve contato. Foi um processo que gerou muito medo inicialmente, mas que aos poucos foi diminuindo e o ritmo foi se ajustando. No entanto, para obtermos uma compreensão mais precisa de como foi esse período, conversamos com  a professora de língua portuguesa, Cláudia Clotilde Zanol Turbino, da Escola Municipal Marieta Rodrigues Soares.

Em termos gerais, o meu maior desafio pós-pandemia foi recuperar de forma concreta os conteúdos trabalhados, considerando o fato de termos ficado um longo período sem as aulas presenciais, o que gerou uma defasagem no aprendizado dos alunos.

Além disso, também enfrentamos desafios relacionados ao aspecto emocional e afetivo, uma vez que tanto os alunos quanto os profissionais da educação estavam com a saúde mental afetada. Tivemos que dedicar um cuidado especial não apenas ao conteúdo, mas também às questões emocionais que todos estávamos vivenciando. Passamos a utilizar dinâmicas, como rodas de conversa e bate-papo, entre outras atividades, visando valorizar a si mesmo e ao próximo, promovendo a ajuda mútua e o compartilhamento de experiências.

Outra preocupação importante foi em relação às invasões e à violência nas escolas, o que nos levou a trabalhar com respeito e delicadeza para promover a harmonia social e o respeito às diferenças, ensinando aos alunos que somos todos parte de uma grande família chamada escola e que as diferenças devem ser deixadas de lado em prol do bem comum. Tenho a opinião de que a motivação desses ataques, em grande parte, está relacionada à fragilidade humana, especialmente nessa geração (geração Z), em que muitos não sabem lidar com adversidades e a negativa. É essencial priorizar o bem comum, desenvolvendo projetos sociais que visem à integração e à participação coletiva. Isso é um fator fundamental para reduzir os impactos dessas situações nas escolas.

Aumento nos casos de ataques em escolas deixa as autoridades em estado de alerta.

Outro fator que vem preocupando pais, alunos, professores e autoridades em todo o país é a violência nas escolas, seja por meio de brigas na porta das instituições ou invasões, que resultam em mortes, como o caso amplamente divulgado pela mídia.

Um ataque a tiros em uma escola vitimou uma estudante no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná. De acordo com informações da Polícia Militar, o atirador é um ex-aluno de 21 anos que teria ido até a direção da escola para solicitar seu histórico escolar, momento em que efetuou os disparos. Além da menina de 16 anos, um aluno da mesma idade foi baleado na cabeça e levado pelo SAMU ao Hospital Universitário de Londrina (HU).

Outro fato ocorreu em Minas Gerais, onde a polícia foi mobilizada após uma série de denúncias de ameaças na Escola Estadual Dona Eleonora Nunes Pereira, em Itabira/MG. Os estudantes tiveram que deixar as salas de aula e se reuniram no pátio da escola, enquanto os militares faziam uma vistoria nas dependências da instituição. As ameaças foram feitas em uma rede social, e uma adolescente de 11 anos está sendo investigada como suspeita de ser a autora das mensagens.

Para amenizar as inseguranças dos pais, alunos, professores e trabalhadores da rede de educação, o Governo de Minas Gerais anunciou, em 12 de abril, novas medidas de prevenção à violência e fortalecimento da rede de proteção nas escolas. As novidades foram apresentadas durante a vistoria do governador Romeu Zema na Escola Estadual Amélia Santana Barbosa, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

No entanto, fica a pergunta: o que estaria motivando as pessoas a terem esse tipo de comportamento? Segundo alguns profissionais da área da Psicologia, tais comportamentos podem estar ligados aos danos à saúde mental pós-pandemia.

A psicóloga Shirley Gonçalves destaca dois pontos importantes nos quais os pais e familiares devem estar atentos para identificar comportamentos de um possível agressor.

Uma pessoa agressiva apresenta um desvio de conduta socialmente inadequada, sendo agressiva ou desafiante, violando as normas sociais ou os direitos individuais. Geralmente, agem assim por se sentirem ameaçadas ou por necessidade de autoafirmação. No entanto, identificar um agressor requer observação de seu comportamento desde a infância. Portanto, seria ideal que um profissional de psicologia fizesse parte do corpo docente de todas as instituições de ensino, sejam elas particulares ou públicas.

A presença de um psicólogo no ambiente escolar pode auxiliar na identificação, acompanhamento e tratamento de estudantes, professores e colaboradores, além de reconhecer os problemas psicológicos das pessoas e promover qualidade de vida. Dessa forma, a ciência psicológica contribuiria para a saúde mental, evitando o aumento de casos de violência social tão recorrentes na sociedade.

Outro fator a ser observado é o interesse excessivo por armas, crueldade com animais e a falta de emoções. Atualmente, a violência invade cada vez mais nosso cotidiano, através dos jornais, rádios e televisão, e frequentemente somos expostos a casos de perversão.

Mas afinal, o que é perversão? Perversão ocorre quando um indivíduo se constitui de forma perversa e seus vínculos afetivos, principalmente nos relacionamentos amorosos na fase adulta, são disfuncionais devido a falhas nas primeiras relações parentais (mãe e pai). Geralmente, pessoas perversas têm relações conflituosas devido à falta de afeto que não foi recebido das figuras parentais (pai e mãe) ou cuidadores, manifestando sentimentos de destruição em relação a outras pessoas através de pensamentos e atitudes maldosas.

Por isso, o papel dos pais é importante para o desenvolvimento da criança, desde a sua concepção. Ter expectativas e desejos em relação à criança são aspectos de extrema importância para o desenvolvimento psíquico do bebê. A família é a base da formação da pessoa, são os pais que introduzem a criança ao mundo exterior, apresentando-lhe a cultura, os valores e as crenças.

No entanto, o papel materno, ou seja, o papel da mãe, é fundamental para o desenvolvimento afetivo da criança. Se ela for criada em um ambiente familiar desfavorável, com relações disfuncionais, isso pode ter repercussões negativas no desenvolvimento psíquico da criança, aumentando o risco de desordens afetivas. Consequentemente, isso pode contribuir para o desenvolvimento de um indivíduo perverso, que pode ser suscetível, por exemplo, a ter paixão por armas, praticar piromania (colocar fogo em tudo) e ser cruel com animais.

Quais alternativas ou medidas podem ser tomadas para impactar positivamente os principais conflitos nas escolas, como bullying, conflitos interpessoais, dificuldades de disciplina, conflitos culturais e étnicos?

Será que existem medidas capazes de melhorar o convívio e o aprendizado nas escolas diante de todos esses desafios?

Para responder a essa pergunta, conversamos com a professora Giselle Costa de Assis, terapeuta sistêmica e professora de ciências e biologia há 25 anos nas redes estaduais e municipais.

Como professora, desenvolvo uma prática educacional que coloca os meus alunos como protagonistas em suas ações, valorizando sua origem, seu conhecimento e suas vivências. Atualmente, trabalho na rede educacional Escola Municipal Maria Vieira Barbosa – CAIC de Ribeirão das Neves, onde meu público é do sexto ao nono ano. Trabalhar com esse público sempre me inspirou a buscar temas atuais relacionados às ciências que se conectem com o currículo. Também sou terapeuta sistêmica e, nos últimos três anos, tenho trabalhado com inteligência sistêmica, com foco em constelações familiares, PNL, aromaterapia e outras práticas holísticas. Sou especialista em sexualidade humana, o que me permite oferecer oficinas sistêmicas voltadas exclusivamente para o público feminino. Como palestrante, trabalho com toda essa bagagem, levando meu conhecimento e compartilhando, ao mesmo tempo em que também aprendo. No campo educacional, atuo com oficinas sistêmicas. Como profissional formada em constelação sistêmica organizacional, abordo questões como hierarquia, pertencimento e equilíbrio nessas oficinas. Desenvolvo essas oficinas sistêmicas de várias formas, voltadas para jovens e adolescentes.

Através das oficinas, é possível amenizar os impactos dos fatores citados acima, pois nas dinâmicas trabalhamos as emoções, o que favorece lidar com todos esses fatores. A oficina de habilidades socioemocionais traz um tema a partir do filme “Divertidamente”. Na primeira etapa, os alunos têm contato com o filme em um cinema montado na sala de vídeo.

  • Na segunda etapa, há uma roda de conversa para saber o que gostaram no filme e quais aprendizados obtiveram a partir dele.
  • Na terceira parte, ocorre a oficina das emoções, onde as cores dão vida aos personagens, e em grupo discute-se o efeito das emoções no corpo e na mente.
  • A quarta parte consiste nas oficinas da alegria, medo, nojo e tristeza.
  • Na quinta etapa, através de uma oficina tecnológica, os alunos respondem a um quiz nos tablets, cujos resultados fornecem uma ampla gama de informações para o professor. A partir dessas informações, é possível construir um mapa de identificação emocional de cada aluno. Em casos mais graves, os pais são alertados, contribuindo para a parceria entre família e escola.

O foco é trazer clareza, leveza e um novo olhar para as dificuldades da família e dos relacionamentos. Por fim, relacionar esses temas com o campo da educação é fazer uma amalgama que solidifica as experiências e traz muitos ganhos para a vida presente e futura, sem desprezar os acontecimentos do passado.

A participação na construção de uma educação melhor é dever de todos nós.

Sabemos que as iniciativas não são exclusivas da escola. A participação dos pais e projetos sociais é fundamental para complementar a aprendizagem e a formação de caráter dos jovens e adolescentes. Em Esmeraldas, temos a atuação de dois projetos sociais que trabalham em parceria com a educação.

Anderson Martins, 45 anos, casado, graduado em Educação Física, pela PUC Minas, atuou profissionalmente, por 15 anos, como dançarino e produtor executivo, inclusive, com a realização de trabalhos em outros países como: Estados Unidos, Espanha, Argentina, Chile e Suécia. Na produção de artista, foi Assessor do Padre Fábio de Melo, quando teve a oportunidade de acompanhar o padre em viagem à Terra Santa, em Israel.
Hoje dedica sua vida na assossiação Arte Pela Paz, localizado Avenida Brasilia, 167 São Francisco de Assis – Esmeraldas – MG.

Uma organização social, sem fins lucrativos a Associação Arte pela Paz foi criada por um grupo de artistas, que inicialmente desenvolviam missões evangelizadoras, mas que aos poucos foram também despertando o interesse em promover ações e projetos que buscassem garantir os direitos sociais de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social”, assim define a instituição, o criador e gestor do projeto, Anderson Martins
A instituição oferece a crianças e adolescentes, oportunidades de se desenvolverem por meio do esporte e educação, aperfeiçoando suas qualidades e competências, além de fazer o acolhimento de toda a família. Disponibilizamos cursos nas áreas de informática, recreação, judô, ballet e, futsal dentre outros. Hoje são cerca de 450 crianças e jovens atendidos com nossas ações socioeducativas e esportivas.

O Projeto ASECC – Associação Esportiva Cristã fica Rua: Januária n⁰ 59, Quintas São José – Esmeraldas No Caminho, fundado em 5 de agosto de 2015, atende atualmente mais de 150 crianças e adolescentes. Com uma visão diferenciada, e por acreditarem que o desenvolvimento educacional e moral na vida das crianças e adolescentes é fundamental para uma sociedade mais forte. A metodologia destaca-se por promover atividades esportivas, exercícios de coordenação motora, incentivo ao trabalho em equipe e reforço de princípios morais.

Com um objetivo claro de alcançar o maior número possível de crianças em situação de risco, ASECC proporciona suporte e buscam edificar famílias, além disso o projeto oferece uma variedade de atividades, como futsal, vôlei, recreação, passeios e palestras com psicólogos. Os encontros acontecem na Escola Municipal Marieta Rodrigues Soares todos os sábados, das 7h30 às 17h.Crianças a partir de 5 anos podem participar das atividades e fazerem parte do projeto, através inscrições. Durante as atividades, são oferecidos 4 lanches, além disso, proporcionam atividades de recreação voltadas para crianças até 10 anos, visando o desenvolvimento da coordenação motora e do trabalho em equipe. Eventualmente, o Projeto ASECC realiza passeios e palestras com psicólogos.

Como jornalista do Jornal Digital Esmeraldas, tenho uma participação direta em contribuir com a educação, fazendo parte do colegiado da Escola Estadual Professor Raymundo Candido. Apresentei algumas propostas para colaborar com a educação local, onde propus os seguintes projetos:

Criação da rádio Professor Raymundo Cândido
A implantação de uma rádio na escola, pode ser uma excelente ferramenta para promover a  comunicação e a educação.  A rádio é uma mídia que permite que os alunos possam compartilhar informações, ideias e opiniões de forma criativa e dinâmica.
Além disso, a rádio pode ser utilizada como uma ferramenta pedagógica para estimular o aprendizado. Com a ajuda de um professor ou coordenador, os alunos podem criar programas educativos, abordando temas importantes e relevantes para o seu aprendizado.

Projeto Redação Destaque
A escola pública é um espaço fundamental para a formação educacional de milhares de crianças e jovens em nosso país. Apesar dos muitos desafios enfrentados por essa modalidade de ensino, é possível encontrar histórias de sucesso e exemplos inspiradores que nos mostram que é possível transformar vidas por meio da educação.
Por esse motivo o Jornal Digital Esmeraldas quer propor um concurso de redação entre os alunos e as 3 melhores redações sairão nas edições do Jornal Digital Esmeraldas, sendo um incentivo em participar do projeto.

O Grande Júri
O Jornal Digital Esmeraldas em parceria com Wanderson Lima Vieira – OAB/MG 170.381,Advogado, Pós-graduado em Advocacia Criminal pela Escola Superior de Advocacia da OAB e Escola Superior Dom Helder Câmara (2017); Ex-servidor Público Estadual, tendo atuado na Gerência de Suporte à Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais, estaremos juntos para promover essa ação junto a escola.
É uma ideia interessante para promover o aprendizado dos alunos e incentivar a participaçãoativa deles na escola, é a realização de um julgamento simulado. Nessa atividade, os estudantes poderão atuar como advogados, promotores, juízes e até mesmo testemunhas em casos fictícios, que tenha relevância para a comunidade escolar.
O objetivo é permitir que os alunos compreendam melhor o funcionamento do sistema jurídico e desenvolvam habilidades importantes, como argumentação, persuasão, pensamento crítico e trabalho em equipe. Para tornar o julgamento simulado ainda mais educativo, é possível envolver professores de diversas disciplinas, para ajudar na pesquisa e no desenvolvimento do caso. Além disso, vale ressaltar a importância do respeito mútuo e da ética durante todo o processo, lembrando aos alunos que a simulação não deve ser levada para fora da sala de aula.

São projetos que podem e devem ser copiados por todas as redes de educação do país.