Dia Internacional da Juventude, 12 de agosto, a população brasileira não tem muito o que comemorar com relação ao seu cenário nas áreas de educação e cultura, para o crescimento e desenvolvimento humano da sua juventude. A taxa de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham, a chamada “geração nem-nem”, é o dobro da de países ricos. Em 2020, 35,9% dos adultos de 18 a 24 anos no Brasil não estavam nem na escola, nem empregados, aponta um relatório da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado no ano passado (2021).
O índice de desemprego de adultos entre 25 e 34 anos que não concluíram o ensino médio também cresceu acima da média no Brasil. “Em tempos econômicos difíceis, a transição da escola para o trabalho, que é sempre complicada, torna-se realmente problemática”, aponta o relatório. Na média da OCDE, que inclui os países mais ricos, a taxa de jovens que não estudam nem trabalham é de 15,1%. E ainda, de acordo com o relatório, só um terço (34%) dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos frequentam escolas ou faculdades.
Três em cada dez jovens nessa faixa etária estão empregados, apesar de não frequentarem a escola ou um curso superior, mas 13% não estão nem na escola, nem empregados. É que durante a pandemia, o Brasil teve dificuldades em manter os jovens engajados nas aulas remotas e calcula-se que boa parte deles não tenham voltado para a sala de aula. Entidades e governos locais apontam omissão do Ministério da Educação (MEC) em não ter garantido internet para as aulas remotas e não houve incentivo para que os alunos mais vulneráveis continuassem estudando.
Nome: Vitória Gomes Alves – Idade: 19 anos
Escolaridade: Ensino médio completo
Moradora do bairro: São Pedro
Vitória Gomes, também que se enquadra no índice de jovens nem-nem, o JDE realizou algumas perguntas, para entender a percepção e ouvir o que esse geração almeja.
A quanto tempo sem estudar e trabalhar?
Vitória – 1 ano e 7 meses sem estudar, 3 meses sem trabalhar.
Na sua condição atual de jovem “nem-nem”, o que espera dos governantes para mudar essa realidade, que não é apenas em Esmeraldas, e sim no Brasil?
Vitória – Espero que possamos ter mais oportunidades de trabalho, cursos preparatórios para a inserção no mercado de trabalho.
No caso de Esmeraldas, quais as dificuldades você encontra em se colocar no mercado de trabalho e especializações referentes a cursos superiores?
Vitória – No caso de Esmeraldas encontro dificuldades em questão financeira para o transporte em busca de um trabalho, por ser muito longe, não ter locais e nem recursos para ingressar em cursos superiores.
Quais seus planos para o futuro?
Vitória – Meus planos é entrar na faculdade e também poder trabalhar.
Você pensa em deixar a cidade, em busca de novas oportunidades?
Vitória – Talvez sim, vou ver como será a rotina de trabalhar e estudar mesmo morando longe.
Nome: Camila Gomes Antonio – Idade: 20 anos
Escolaridade: Ensino médio completo
Moradora do bairro: São Pedro
A quanto tempo sem estudar e trabalhar?
Camila – Sem estudar 2 anos e sem trabalhar 1 mês Na sua condição atual de jovem “nem-nem”, o que espera dos governantes para mudar essa realidade, que não é apenas em Esmeraldas, e sim no Brasil?
Camila – Espero que tenham mais oportunidades de emprego e que sejam disponibilizados cursos técnicos gratuitos para que todos tenham oportunidade de entrar em uma empresa.
No caso de Esmeraldas, quais as dificuldades você encontra em se colocar no mercado de trabalho e especializações referentes a cursos superiores?
Camila – Acredito que tem poucas oportunidades de emprego, em vista que a maioria deseja experiência, e se tivéssemos acesso a pelo menos curso de Excel e digitação teríamos mais oportunidades.
Quais seus planos para o futuro?
Camila – Formada na faculdade e trabalhando em uma ótima empresa.
Você pensa em deixar a cidade, em busca de novas oportunidades?
Camila – Se fosse necessário, sim.
Na sua opinião, o que o governo local poderia fazer para melhorar acesso dos jovens a educação e trabalho? Cite algumas iniciativas?
Camila – Como já dito antes, o governo poderia disponibilizar cursos técnicos, cursos preparatórios para o Enem e mais oportunidades de emprego na região.
A estudante de Esmeraldas, moradora do bairro Novo Retiro, Bruna Rodrigues Silva, 17, que está finalizando o 3° ano do Ensino Médio, diz que na cidade falta a oferta de atividades nas áreas de Entretenimento, Cultura, Lazer e Cursos Profissionalizantes, para os jovens. “Não temos oportunidade em Esmeraldas, eu busco opções por meio de sites, como Fundação Bradesco, Kultivi, Conquer, que oferecem cursos gratuitos. Infelizmente, percebo cada vez mais, que os adolescentes e jovens acabam por buscar iniciativas de crescimento profissional e social fora das regiões em que moram”, afirma Bruna.
Mensagem para nossos governantes
“Os jovens são, em maioria, a representação do futuro de uma cidade, estado e país. Então é NECESSÁRIO envolvê-los por meio das políticas públicas e considerar seus desejos e anseios. Nossa visão de futuro, pode agregar muito para as próximas gerações, deem ouvidos, oportunidades aos jovens de visão. Não podemos ser mais uma geração que veja como obrigação a cumprir imposta pelos governantes, o fato de ir às urnas para eleger nossos representantes políticos. Façamos o nosso voto valer a pena”, é a mensagem encaminhada por Bruna Rodrigues, para os governantes da cidade de Esmeraldas, em Minas Gerais.
“Acredito que a juventude seria mais valorizada tendo acesso facilitado à cultura, arte, lazer e esportes, que são fundamentais para o desenvolvimento pessoal e coletivo”, afirma Wallison Alves de Oliveira Simão, 23, estudante e morador do bairro São Francisco de Assis, em Esmeraldas, Minas Gerais.
Wallison afirma ter conhecido pessoas jovens como ele, “com diferentes habilidades, sejam intelectuais ou físicas, que porém como não tiveram para onde direcionar todo esse potencial, se torna obsoleto”, diz o estudante sobre o fato de geralmente, no seu município, ser preciso se deslocar para cidades vizinhas em busca de qualificações, como cursos e treinamentos.
“O que também é bem frequente quando se trata da busca por emprego, que acaba sendo o grande desafio para os jovens e adultos de onde venho. Vejo o acesso à cultura e ao lazer, na cidade, em um nível bem abaixo do aceitável. Na nossa região, não temos sequer uma praça pública para frequentar” conclui o rapaz.
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