Desde o início do ano, famílias da Bacia do Rio Paraopeba, que já haviam sido afetadas pelo rompimento da barragem da Vale em janeiro de 2019, contam os prejuízos causados pelas chuvas constantes em Minas Gerais e a consequente cheia do rio. Pessoas e comunidades de Esmeraldas, Paraopeba, Pará de Minas e região sofrem impactos diversos e mesmo com o nível do rio baixando precisam de abrigo, água, alimentos, remédios, roupas, itens de higiene, e enfrentam dificuldades de comunicação e com a exposição a doenças.

Na região de Esmeraldas foram atingidas as comunidades de Padre João, Vinháticos, Fazenda da Ponte, Vista Alegre, Riacho, São José, Cachoeirinha, Taquaras, que se encontram em estado de calamidade. De acordo com dados do poder público e relatos de moradores das localidades, o rio alcançou elevação de 7 metros acima do nível considerado normal, ultrapassando em 1,5 a marca histórica registrada de 1997.

Patrícia Passarela é moradora de Taquaras, comunidade do município de Esmeraldas, há mais de 15 anos e teve parte da sua casa destruída durante as fortes chuvas das últimas semanas. “A estrutura da minha casa já estava comprometida desde que algumas máquinas pesadas da Vale começaram a transitar nas ruas da nossa comunidade. Agora, com essa chuva toda, as paredes da minha cozinha e um dos quartos desabaram”, disse Patrícia.

                                                                     

Em Paraopeba, moradores, trabalhadores e produtores da Zona Rural foram surpreendidos pela velocidade da enchente e o alcance das águas nas propriedades. “A água passou por cima do meu poço artesiano e chegou até o quadro de ligação de luz. A sorte é que ainda não tem energia elétrica ligada. Eu nunca vi uma enchente desse tamanho, nunca na vida. Nunca via a água chegar na porta da minha casa”, descreveu a produtora rural, Mona Lisa Cardoso.

Pessoas das comunidades rurais de Pará de Minas, Florestal, Fortuna de Minas, Maravilhas, Papagaios, Pequi, São José da Varginha registraram uma série de fotos e vídeos mostrando o impacto das cheias, evidenciando os prejuízos e chamando a atenção para a necessidade de apoio e doações.

O Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab) está de plantão, por telefone e em campo, apoiando e registrando as principais demandas emergenciais das pessoas e comunidades. Além disso, a instituição estabelece contato constante com os órgãos públicos, cobrando respostas e o atendimento das principais carências da população.

Além disso, o Nacab está com uma campanha de solidariedade para recolhimento de doações para as pessoas afetadas pelas chuvas nos municípios da Região 3. Todo o valor arrecadado será revertido a auxílio imediato, como água, alimentos, medicamentos, entre outros itens e as primeiras entregas já estão sendo feitas.

A CHAVE-PIX é: fornecedor@nacab.org.br

                                                                                Risco de contaminação

Desde o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, no ano de 2019, as cheias do rio foram agravadas pela presença dos rejeitos de mineração que permanecem nas águas. Ou seja, muitas dessas famílias, impactadas pelo transbordamento, são as mesmas que foram atingidas pelo desastre-crime.

As populações atingidas pelas enchentes do Paraopeba acabam expostas também a outros riscos à saúde, diferentes daqueles já esperados em períodos de fortes chuvas, que podem afetar o bem-estar e a vida das pessoas.
De acordo com Lauro Fráguas, gerente da Qualidade da Água e Controle de Riscos à Saúde, do Nacab, “Por conta da movimentação mais intensa das águas do rio Paraopeba, o material proveniente da barragem B1 que estava depositado no fundo da calha do rio pode ser suspendido novamente e ser deslocado, avançando na direção do reservatório de Três Marias. Também é possível que algumas substâncias que estavam contidas em sedimentos (materiais sólidos) sejam solubilizadas (misturadas) novamente para a água”.

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), que desde o rompimento da barragem monitora a qualidade da água na extensão da Bacia do Paraopeba, mantém a recomendação de não utilização da água do Rio Paraopeba, já que amostras coletadas no segundo semestre de 2021 indicam a presença de ferro, alumínio e manganês acima do limite legal.

Em relação às propriedades e à qualidade do solo, em estudo feito pelo Nacab em novembro de 2020 foram coletadas 169 amostras para análise. O estudo foi realizado em parceria com a empresa Tommasi Ambiental e os resultados apontam indícios fortes de que o rejeito depositado no solo após as cheias do Rio Paraopeba tenha causado alterações significativas, como a compactação, o que pode ter contribuído para as enchentes deste ano.
Sugestão de Fontes:

Bárbara Ferreira – Escritório Pará de Minas
Atende os municípios de Pará de Minas, Florestal, São José da Varginha, Pequi, Fortuna de Minas e Papagaios.
(31) 99798-9718
Marcio Martins – Escritório de Esmeraldas
Atende o município de Esmeraldas
(31) 99578-9344
Marcos Oliveira – Escritório de Paraopeba
Atende os municípios de Paraopeba e Caetanópolis
(31) 99287-3823

Para acompanharem todo o trabalho realizado pelo Nacab siga o Instagram: @nacabmg